Um dia diferente
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Um dia diferente
Um dia diferente
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Um dia Diferente.

Comecei o dia como de costume indo à padaria comprar o pão, preparar o café da manhã e ir pra escola. Só que enquanto eu me arrumava, o telefone tocou, era minha amiga e vizinha, a Suelen, me perguntando se poderia ir comigo pra escola, respondi que sim. Aguardamos uns vinte e cinco minutos e ela não chegou, liguei e Dona Lúcia, sua mãe, atendeu e me disse que Suelen já havia saído, esperamos mais um pouco e nada dela chegar, liguei novamente e sua mãe então ficou preocupada, naquele momento já nem importava mais se estávamos atrasadas. Dona Lúcia veio muito rápido até nossa casa. Já estávamos na varando esperando para saber o que havia acontecido, mas ela também não sabia e já estava desesperada. Nós tentamos manter a calma. Dona Lúcia queria ir até a escola, mas sabíamos que não adiantaria, pois Suelen combinou de ir com a gente, então certamente não foi sozinha para lá. Na escola também começou o desespero, continuamos as buscas, fomos até a delegacia e comunicarmos o desaparecimento. A polícia também começaram a procurar.
Nós procuramos incansavelmente o dia todo, e assim todos os amigos, familiares e vizinhos fizeram já ao anoitecer e sem sabermos que rumo tomar, voltamos pra casa, todos muito triste, sua mãe já nem parava mais de pé, sua dor e cansaço fizeram ela desmaiar. A socorrermos e a buscaram. Eu fiquei em casa com meu irmãozinho, afinal alguém precisava cuidar dele, ele só tinha três aninhos. Estou lá preparando o jantar para o Gustavo quando o telefone toca, era ela, a Suelen chorando muito e pedindo que a buscasse em um setor nobre da cidade, deixei tudo e fui tentar falar com sua família, Mas ninguém atendia o telefone. Eles estavam andando de um lado para outro na tentativa de encontrá-la nas ruas. Não tive ideia de ligar pra policia e avisar, tinha pressa, só peguei meu irmão e saí, logo na rua peguei um taxi e fui ao endereço que ela me passou, chegando ao local, ela estava sentada e rodeada por pessoas que a consolavam e que também viram quando um carro com dois homens ali a deixaram, e ao sair, ainda a empurraram pra fora do carro. Ela caiu e se machucou fisicamente - seu estado emocional também estava muito ferido -. Sei que já sabem o que aconteceu com minha amiga, ela sofreu um destes tais de sequestros relâmpagos, acharam que ela tinha dinheiro ou conta em banco, pois apesar dela ter só quatorze anos, era grande e muito bonita , por isso imaginaram que já trabalhava. Torturaram ela o dia todo, e quando viram que realmente ela não tinha nada, a soltaram na rua bem longe de sua casa pra não serem reconhecidos. Graças a Deus nada de ruim aconteceu a ela, a não ser o trauma que ficou para sempre em sua vida. Hoje em nossa rua, agente anda sempre juntos e com muita atenção, se avistamos um carro ou moto, esperamos que passe, ou seja, andamos sempre atentos. Agora me diga: será que é esta vida que nós jovens do bem merecemos ter? Não temos o prazer de ficar sentado na praça conversando, como ouvimos os mais velhos contar que faziam; nós estamos presos e nada fizemos agente só queria ter o direito de ir pelo menos na casa da amiga, ir até a pracinha no final da tarde, ir ao mercado, falar ao celular, mas nada disto podemos fazer, e se agente ainda se formar em medicina, ainda temos que salvar as vidas destas pessoas do mal. Pessoas que eu acho que não têm família, que não amam ninguém, só pensam ter dinheiro sem trabalhar, sem perder tempo nos bancos de escolas, mas será que são felizes? Eu não acredito, vivem fugindo e com medo, e por medo nos fazem tanto medo. Pessoal, vai aqui meu recadinho, deixem essa vida, vamos ser felizes, andar todos juntos, vamos ser todos amigos e andarmos livremente pra lá e pra cá, vamos ser um só povo e poder cantar e brincar, e no futuro ter lindas histórias para nossos filhos e netos poder contar!
Eu sou a Ana Paula, amiga da Suelen, da Laura, do Augusto e de muitos outros que, só querem estudar, trabalhar, construir uma família, ser feliz e deixar para as futuras gerações um mundo melhor pra se viver.
Ironita Mota


E eu estou aqui à disposição dos jovens!

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