Em uma Luxuosa Mansão Portuguesa
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Em uma Luxuosa Mansão Portuguesa
Em uma Luxuosa Mansão Portuguesa
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UMA LUXUOSA MANSÃO PORTUGUESA
Em uma luxuosa mansão europeia, mais precisamente na mais antiga cidade do reino de Portugal, chamada Lamego, vivia uma jovem de nome Alexandrina, rapariga bonita e de alto dote para se casar. Só que os sonhos de Alexandrina estavam além dos mares. A jovem vivia sonhando e, por muito tempo, seu sonho se repetia: ela sonhava que viajava dias e dias em um grande barco de madeira passando por lugares com belezas surpreendentes, passava por lugares onde se viam campos verdes; em outros, altas montanhas, viam-se matas fechadas, ondas que cobriam tudo e, muitas vezes, o céu era também encantador, o sol aparecia dourado, brilhando sobre as águas e se punha da mesma maneira, lindamente. Naquele sonho, Alexandrina pensava que aquela viagem deveria durar pelo menos um ano. Em seus sonhos sonhava que durante sua longa viagem era cortejada por um moço alto, moreno e de cabelos bem negros, também que ele tinha um olhar envolvente. Aquele olhar do moço moreno estava deixando-a apaixonada. Em seu sonho, Alexandrina esperava que, durante a viagem, ele viesse falar com ela, e eles pudessem se conhecer e, quem sabe, viverem um grande amor. Ela já tinha até um título para aquele amor, seria o amor sobre as ondas do mar! No sonho, Alexandrina sonhava que dormia e sonhava com o moço moreno acordando-a com um chamego suave e, quando acordava, ele estava lá, somente a olhar, e até sentia falta dos carinhos daquele moço moreno, carinhos que nem conhecia! Ela sonhava até que as noites no mar se repetiam, ou seja, o dia amanhecia, e a noite já estava a chegar, Alexandrina vivia grandes emoções nessa viagem marítima. Sonhava que chegava a terras brasileiras, e que ali seria desbravadora de sertões, só que vivia uma grande tristeza em seu coração, porque, ao descerem do navio, ela, na esperança de que o moço moreno viesse falar com ela, dispersou o olhar, isso para não parecer saliente e, quando o procurou, ele havia sumido na multidão. Ela o procurou por horas, mas não o encontrou e foi obrigada a seguir, ficando com ele somente em seus sonhos. A tristeza dela era tanta que no sonho ela chorava muito. Ao acordar, olhou ao redor e estava ali mesmo e era em seu luxuoso aposento, ela se levantou, abriu a janela que dava para o jardim, e o cheiro das rosas adentrou em suas narinas, trazendo não se sabe se saudades do sonho, ou alívio por ser só um sonho. Alexandrina abriu a porta e desceu as escadas com as mãos deslizando pelo corrimão de madeiras de lei, da qual ela sempre ouvira dizer que era pau-brasil, e que viera do Brasil na época em que aquele país era colônia de Portugal e que por isso tudo pertencia aos portugueses. Ela desceu lentamente e até parecia sentir culpa pelos portugueses terem explorado tanto o Brasil e sua gente. Pois se hoje vivia em luxuosa mansão com portas, janelas, corrimão e até os móveis todos dessa madeira tão preciosa, foi tudo pela ambição dos portugueses, não se sabia se só ambição ou também se pela ilegalidade de hoje e legalidade da época. Também em seu quarto tinha luminárias com ricos detalhes em ouro brasileiro. Acabando de descer a escada, ela sentou-se em volta da mesa para o desjejum, o qual era servido também em louças portuguesas com pequenas listas de ouro nas asas, isso tudo a entristeceu, ao lembrar-se do sonho no qual desembarcava no Brasil, que mesmo com tudo que os portugueses lhe fizeram, ainda eram recebidos tão bem, e que os brasileiros ainda os chamavam de irmãos. Ela pensou: “Essa gente deve ter um bom coração”. Terminado seu desjejum, ela saiu para dar sua caminhada matineira pelo jardim. Ela vai sempre até a mina d’água ou até um pequeno bosque por detrás da mansão. No entanto, sempre que Alexandrina tem aquele sonho, ela fica meio perdida por dias e dessa vez, parece que seu sonho foi mais forte, ela não está só perdida, está mesmo é com saudades do sonho, sonho que a deixou muito triste. E assim a tristeza de Alexandrina segue por dias, por sentir saudades daquele sonho, ou seja, daquele moço moreno que não saía de seus pensamentos. Alexandrina, sendo uma rapariga de porte esguio, pele muito clara com pequenas sardas, cabelos ruivos e olhos azuis, era considerada a jovem mais bela da região. O que lhe faltava era somente ser feliz e ao que tudo parecia, sua alegria e seus sonhos estavam mesmo além dos mares.